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- Convenors:
-
Virgínia Maria dos Santos Calado
(University of Lisbon)
Luís Cunha (Universidade do Minho)
- Location:
- Auditório 1, Ciências Veterinárias (Map 30)
- Start time:
- 10 September, 2013 at
Time zone: Europe/Lisbon
- Session slots:
- 1
Short Abstract:
Pretende-se discutir o modo como o conhecimento produzido em antropologia, e demais ciências sociais, é condicionado/orientado por critérios de avaliação que tendem a incidir sobretudo na produtividade. Qual a importância e quais as vicissitudes da exigência de publicação/apresentação?
Long Abstract:
A modernidade tardia oferece-nos e impõe-nos uma experiência do tempo marcada pela velocidade, urgência, rigor cronométrico, juízo centrado numa produtividade crescente e comparável. A um tempo uniforme, devem corresponder critérios uniformes, medidas comparáveis, traduzíveis em cifras, cujo rigor legitimaria o entendimento do mundo. Talvez possamos tomar este efeito como a concretização de uma fantasia: fazer do modo de produção capitalista a medida de toda a ação social, concebendo a sociedade como mercado, o cidadão como produto transacionável.
Este efeito geral tem expressão particular no modo de produzir conhecimento em ciências sociais. Propomo-nos discutir aqui esses efeitos. Poderemos pensar o que fazemos partindo da ideia de ferida e sutura? Ferida, pela crescente dificuldade de dar à investigação aquilo que ela exige: tempo de maturação, reflexão, dúvida, ócio criativo. Sutura, no sentido da procura de soluções, que permitem fechar essa ferida e viver com ela não impedindo a cicatriz. A um quadro de crescente exigência de publicação e comunicação, formas tão presentes de aceleração do tempo, estaremos respondendo com a demissão de pensar, fugindo ao que há de mais fundamental no nosso ofício? A uniformização métrica estará a refletir-se no modo como escrevemos ou comunicamos? A quantas comunicações precisamos assistir para que uma nos surpreenda? Que práticas são impostas pela exigência de produtividade? Conciliar-se-á quantidade e qualidade?
Accepted papers:
Session 1Virgínia Maria dos Santos Calado (University of Lisbon)
Paper short abstract:
A produção científica encontra-se hoje sujeita a imperativos de produtividade que pouco se distinguem do que pode ser observado noutras áreas económicas Levantar questões inerentes a este processo de produção será um dos objetivos da apresentação.
Paper long abstract:
A produtividade científica pode ser pensada como mais uma das formas de expressão do modo de produção que domina a contemporaneidade: o modo de produção capitalista. Os investigadores sociais, críticos relativamente a processos laborais que observam, não têm, de um modo geral, sido reflexivos relativamente aos seus próprios processos de produção, como se uma certa alienação e também desalento face à dificuldade de questionar o sistema instituído os impedisse dessa reflexão. À luz de uma visão crítica relativamente ao imperativo da produtividade como pilar de desenvolvimento social, procurar-se-á discutir de que forma a produtividade pode ser perspetivada. O que será mais produtivo? A quantidade ou qualidade do trabalho desenvolvido? A velocidade inscrita no sistema instituído permitirá a necessária maturação para lhe assegurar qualidade? Como medir a qualidade e transportá-la para os sistemas de avaliação? Eis algumas das questões que procuraremos explorar
Paulo Castro (ESE Maria Ulrich)
Paper short abstract:
Reflecte-se sobre a origem do insucesso escolar no ensino Básico e Secundário. Propõe-se um entendimento possível para o que é ser-se humano. Confronta-se esse entendimento com o discurso técnico e científico usado na escola, concluíndo-se que o mesmo é desadequado para a construção do Eu.
Paper long abstract:
Os alunos do Ensino Básico e Secundário revelam uma falta notória de interesse pela experiência escolar. Entre o quinto e o décimo segundo ano de escolaridade, estes jovens percorrem o trajecto das suas vidas vivendo um conflito surdo com o conhecimento e com o ambiente em que é ministrado.
Referem o enfado que sentem, a ininteligibilidade dos discursos e a miríade de factos memorizados, cuja utilidade apenas confirmam de forma vaga e desprendida. A acrescer registam-se os resultados escolares, ora medianos, ora medíocres, revelando uma impotência pedagógica que se repete anualmente, apesar das contribuições empenhadas dos agentes escolares.
Perante este cenário desastroso torna-se imperioso identificar a origem do desapego em relação a uma experiência durante a qual crianças e adolescentes se edificam intensamente em direção à idade adulta.
Nesta comunicação procurarei justamente identificar uma origem possível para o problema e simultaneamente conceber um ideal formativo conducente à construção de um ser humano pensado no contexto da filosofia fenomenológica.
Uma discussão com a qual desejo contribuir para a reapreciação da articulação entre o discurso científico antropológico e a natureza do objecto de conhecimento a quem se dirige, já que será precisamente a pertinência do discurso científico, praticado na educação, que será posta em causa como elemento facilitador de construção da pessoa.
Ciente de que a educação é uma actividade inevitavelmente ideológica, invoco uma forma de pensamento antropológico que promove a reflexão filosófica sobre o que é a natureza humana e sobre as formas preferencialmente adequadas para a sua expressão na contemporaneidade.
Luís Cunha (Universidade do Minho)
Paper short abstract:
Esta comunicação pretende discutir uma hipótese simples: A definição de modelos de avaliação do trabalho científico demasiado rígidos e uniformizados estará a favorecer a configuração de um modo único de escrita e pensamento?
Paper long abstract:
Na sua versão mais benigna, o discurso dominante diz-nos que é importante estabelecer critérios uniformes e reconhecíveis na avaliação do trabalho científico. Só dessa forma se pode ser rigoroso naquilo que afinal importa - obtenção de financiamento, hierarquização dos cientistas com vista a concursos e progressão na carreira. Assim, a ideia de uma avaliação objetiva apresenta-se como servindo toda a comunidade, já que dá expressão a princípios de competitividade, apontados frequentemente como padrão de modernidade. Esta comunicação assenta no desafio de olhar criticamente este modelo. Procurarei discutir a hipótese de um modelo demasiado rígido restringir, de forma imprevista e indesejada, a criatividade científica, seja modelando a forma de escrita, seja privilegiando temáticas e formas de abordagem. A imbricação neste debate de questões metodológicas e epistemológicas é evidente, mas ele permite também olhar a história da disciplina, tentando perceber como a escrita etnográfica foi evoluindo, por vezes trilhando caminhos que entretanto foram abandonados e esquecidos. Pela sua própria natureza esta não é uma comunicação que proponha respostas. A sua ambição é apenas a de lançar pistas para um debate que urge ser feito. Um debate onde caiba pensar o tempo da investigação, a centralidade das decisões ou a lógica de canalização das verbas da investigação, afinal, os diferentes planos onde produzimos e reproduzimos conhecimento científico.